segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Música: Tiro ao Álvaro

(Adoniran Barbosa)

De tanto levar frechada do teu olhar 
 Meu peito até parece sabe o quê? 
Táubua de tiro ao Álvaro 
Não tem mais onde furar
Teu olhar mata mais do que bala de carabina 
Que veneno estriquinina
Que peixeira de baiano
Teu olhar mata mais que atropelamento de automóver  
 Mata mais que bala de revórver

Música: Tomara

Alceu Valenca

Tomara, meu Deus, tomara
Que tudo o que nos separa
Não frutifique, não valha
Tomara, meu Deus

Tomara, meu Deus, tomara
Que tudo o que nos amarra
Só seja amor, malha rara
Tomara, meu Deus

Tomara, meu Deus, tomara
E o nosso amor se declara
Muito maior, e não pára em nós

Se as águas da Guanabara
Escorrem na minha cara
Uma nação solidária não pára em nós

Tomara, meu Deus, tomara
Uma nação solidária
Sem preconceitos, tomara
Uma nação como nós

CD. Alceu Valenca

Dois CD's Bis (EMI)
CD 1

01. Tomara
02. Bicho maluco beleza
03. La belle de jour
04. Junho
05. Vou danado pra Catende
06. Desejo
07. Agalopado
08. Perdeu o cio
09. A chegada do quiabo
10. O ovo e a galinha
11. FM-Rebeldia
12. Te amo, Brasília
13. Tournée nordestina (Lua do Lua)
14. Cordao do Rio Preto

Música: Mulher, patrao e cachaca

(Adoniran Barbosa)

Num barracão da favela do Vergueiro
Onde se guarda instrumento
Alí, nóis morava em três.
Eu, Violão da Silveira e seu criado,
Ela, Cuíca de Souza
E o Cavaquinho de Oliveira Penteado
Quando o cavaco centrava
E a cuíca soluçava
Eu entrava de baixaria
E a ximantada sambava
Bebia, saculejava
Dia e noite, noite e dia.

No barracão quando a gente batucava
Essa cuíca marvada, chorava como ela só
Pois ela gostava demais do meu hit
Que bem baixinho gemia
Gemia assim
Como quem tem algum dodói
Tudo aquilo era pra mim
Gemia e me olhava assim
Como quem diz
Alô my boy
E eu, como bom violão,
Caprichava no bordão
Carregado sol maior

Mas um dia, patrão, que horror,
Foi o rádio que anunciou com o fundo musical
Dona Cuíca de Souza
Com Cavaco de Oliveira Penteado se casou
E deu uma coisa na caquete
Eu ia pegar o cavaco
E o pandeiro me falou:

"Não seja bobo
Não se escracha
Mulher, patrão e cachaça
Em qualquer canto se acha".

Música: Samba italiano

(Adoniran Barbosa)

Piove, piove,
Fa tempo que piove qua, Gigi,
E io, sempre io,
Sotto la tua finestra
E vuoi senza me sentire
Ridere, ridere, ridere
Di questo infelice qui

Ti ricordi, Gioconda,
Di quella sera in Guarujá
Quando il mare ti portava via
E me chiamaste
Marcello cornutto!
La tua gioconda a paura di quest'onda

Música: Vila Esperanca

(Adoniran Barbosa)

Vila Esperança, foi lá que eu passei
O meu primeiro carnaval
Vila Esperança, foi lá que eu conheci
Maria Rosa, meu primeiro amor

Como fui feliz naquele fevereiro,
Pois tudo para mim era primeiro
Primeira Rosa, primeira esperança
Primeiro carnaval, primeiro amor criança

Numa volta no salão ela me olhou
Eu envolvi seu corpo em serpentina
E tive a alegria que tem todo Pierrô
Ao ver que descobriu sua Colombina

O carnaval passou, levou a minha rosa
Levou minha esperança, levou o amor criança
Levou minha Maria, levou minha alegria
Levou a fantasia, só deixou uma lembrança

Música: Torresmo à milanesa

(Adoniran Barbosa)

O enxadão da obra bateu onze hora
Vam s'embora, João!
Que é que você trouxe na marmita, Dito?
Trouxe ovo frito, trouxe ovo frito
E você, Beleza, o que é que você trouxe?
Arroz com feijão e um torresmo à milanesa,
Da minha Tereza!
Vamos armoçar
Sentados na calçada
Conversar sobre isso e aquilo
Coisas que nóis não entende nada
Depois, puxá uma páia
Andar um pouco
Pra fazer o quilo
É dureza João!
O mestre falou
Que hoje não tem vale não
Ele se esqueceu
Que lá em casa não sou só eu

Música: As Mariposas

Adoniran Barbosa

As mariposa, quando chega o frio
Fica dando volta em volta da lâmpida pra se esquentar
Elas roda, roda, roda e dispois se senta
Em cima do prato da lâmpida pra descansar

Eu sou a lâmpida E as muié é as mariposa
Que fica dando volta em volta de mim
Todas noite só pra me beijar

Música: Samba do Arnesto

(Adoniran Barbosa)

O Arnesto nos convidou prum samba, ele mora no Brás
Nós fumos não encontremos ninguém
Nós voltermos com uma baita de uma reiva
Da outra vez nós num vai mais
Nós não semos tatu!
No outro dia encontremo co Arnesto
Que pediu desculpas mais nós num aceitemo
Isso não se faz, Arnesto, nós num se importa
Mas você devia ter ponhado um recado na porta
Um recado assim: "Ói, turma, num deu pra esperá
Aduvido que isso num faz mar, num tem importância,
Assinado em cruz porque num sei escrever"

Música: Aguenta a mao, Joao

(Adoniran Barbosa)

Não reclama!
Contra o temporal
Que derrubou teu barracão
Não reclama!
'Guenta a mão joão
Com o Cibide
Aconteceu coisa pior
Não reclama,
Pois a chuva
Só levou a tua cama
Não reclama!
'Guenta a mão joão
Que amanhã tu levanta
Um barracão muito melhor
C'o Cibide, coitado
Não te contei?
Tinha muita coisa
A mais no barracão
A enchorrada levou seus
Tamanco e o lampião
E um par de meia que era
De muita estimação
O Cibide tá que tá dando
Dó na gente
Anda por aí com uma mão atrás
E outra na frente

Música: Bom dia, tristeza

(Adoniran Barbosa)

Bom dia, tristeza
Que tarde, tristeza
Você veio hoje me ver
Já estava ficando até meio triste
De estar tanto tempo longe de você

Se chegue, tristeza
Se sente comigo
Aqui nesta mesa de bar
Beba do meu copo
Me dê o seu ombro
Que é para eu chorar
Chorar de tristeza
Tristeza de amar

Música: Trem das Onze

(Adoniran Barbosa)

Não posso ficar nem mais um minuto com você
Sinto muito amor, mas não pode ser
Moro em Jaçanã,
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã.
E além disso, mulher,
Tem outra coisa:
Minha mãe não dorme
Enquanto eu não chegar,
Sou filho único
Tenho minha casa para olhar
E eu não posso ficar.

Música: Despejo na favela

(Adoniran Barbosa)

Quando o oficial de justiça chegou
Lá na favela
E contra o seu desejo

entregou pra Seu Narciso um aviso pra uma ordem de despejo
Assinada Seu Doutor,

assim dizia a petição:
dentro de dez dias quero a favela vazia
e os barracos todos no chão.
É uma ordem superior.
Ôôôôôôôô Ô meu senhor, é uma ordem superior
Não tem nada não seu doutor, não tem nada não
Amanhã mesmo vou deixar meu barracão
Não tem nada não seu doutor,

vou sair daqui pra não ouvir o ronco do trator
Pra mim não tem problema,

em qualquer canto me arrumo de qualquer jeito me ajeito
Depois o que eu tenho é tão pouco,

minha mudança é tão pequena que cabe no bolso de trás
Mas essa gente ai hein como é que faz?

Música: Iracema

(Adoniran Barbosa)

Iracema, eu nunca mais que te vi
Iracema meu grande amor foi embora
Chorei, eu chorei de dor porque
Iracema, meu grande amor foi você

Iracema, eu sempre dizia
Cuidado ao travessar essas ruas
Eu falava, mas você não me escuitava não
Iracema você travessou contramão

E hoje ela vive lá no céu
E ela vive bem juntinho de nosso Senhor
De lembranças guardo somente suas meias e seus sapatos
Iracema, eu perdi o seu retrato.

- Iracema, faltavam vinte dias pra o nosso casamento
Que nóis ia se casar
Você atravessou a São João
Veio um carro, te pega e te pincha no chão
O chofer não teve curpa, Iracema
Você atravessou contramão
Paciência, Iracema, paciência

Música: Prova de carinho

(Adoniran Barbosa)

Com a corda mi
Do meu cavaquinho
Fiz uma aliança pra ela,
Prova de carinho.
Quantas serenatas
Eu tenho que perder,
Pois o cavaquinho
Já não pode mais gemer.
Quanto sacrifício
Eu tive que fazer,
Para dar a prova pra ela
Do meu bem querer.

Música: Saudosa Maloca

(Adoniran Barbosa)

Se o senhor não "tá" lembrado
Dá licença de "contá"
Que aqui onde agora está
Esse "edifício arto"
Era uma casa véia
Um palacete assombradado
Foi aqui, seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímo nossa maloca
Mas, um dia
Nóis nem pode se alembrá
Veio os home c'as ferramentas
O dono mandô derrubá
Peguemo todas nossas coisa
E fumo pro meio da rua
Apreciá a demolição
Que tristeza que nóis sentia
Cada táuba que caía
Duía no coração
Mato Grosso quis gritá
Mas em cima eu falei:
Os home tá ca razão
Nós arranja outro lugar
Só se conformemo quando o Joca falou:
"Deus dá o frio conforme o cobertor"
E hoje nóis pega a paia nas grama do jardim
E prá esquecê nóis cantemo assim:
Saudosa maloca, maloca querida,
Dim dim donde nóis passemo os dia feliz de nossas vida
Saudosa maloca, maloca querida,
Dim dim donde nóis passemo os dia feliz de nossas vida.

CD. Adoniran Barbosa

Colecao Folha Raízes da Música Popular Brasileira
7 Adoniran Barbosa

01. Tiro ao Álvaro - Elis Regina e Adoniran Barbosa
02. Saudosa Maloca - Demônios da Garoa
03. Prova de Carinho - Vania Carvalho e Adoniran Barbosa
04. Iracema - Clara Nunes e Adoniran Barbosa
05. Trem das Onze - Demônios da Garoa
06. Despejo na Favela - Gonzaguinha e Adoniran Barbosa
07. Bom dia, tristeza - Sylvia Telles
08. Aguenta a mão, João - Djavan e Adoniran Barbosa
09. Samba do Arnesto - Demônios da Garoa
10. As Mariposas - Os Originais do Samba
11. Torresmo à milanesa - Clementina de Jesus, Carlinhos Vergueiro e Adoniran Barbosa
12. Vila EsperançaAdoniran Barbosa
13. Samba ItalianoAdoniran Barbosa
14. Mulher, patrão e cachaçaAdoniran Barbosa